sábado, outubro 28, 2006

10 minutos do Tempo

Decisões são consequências certas
O feito que não pode ser desfeito
A correcção só atenua o infortúnio

O tempo que não assenta
O presente que nunca o é

A responsabilidade
O nada que é sempre algo

O peso constante de um corpo hirto
Grave… À qual não se pode fugir

O meio, o indivíduo, o contexto
A inter-sujeição, os outros, o colectivo
Restrições morais, legais, logísticas...

A dor da dúvida que nunca se extingue por inteiro
A probabilidade que nunca chega a SER
A nossa pequenhez perante o todo
A origem. O destino. O mistério

Os instintos naturais imunes de restrições sociais
O preço impagável de sonhar
A frustração individual daquele que isso não pode pagar

O imprevisível, o imediato, o clareado distanciamento
Os sucessivos filtros,
O bom senso, desdenhado pelo inferior ser superior

O imperceptível interior que ao mostrar-se já não o é
Via-se a surpresa a fugir, escondiam-se outras… Sacanas!

A parcialidade como lei
O visível, face a um ser maior
Permanentemente incompleto

A subjectividade
A ingénua objectividade
A magia interior, a única que existe

A ilusão de ver,
O desconforto de ser visto.

O intertexto, o inconsciente
A ambiguidade, o enigma, a pluri-significação, a opinião
A mentira. O real?

O Deus e os Eu’s

O tédio
As massas, a propaganda, publicidade,
Os ícones. Lavagens cerebrais

A passividade, o desprezo
A activa hipocrisia do jogo da actividade

Os radicalismos,
O meu. O nosso…
Capacidade e esforço vs. Igualdade desmedida

O futuro sempre muito distante
O presente sempre muito passado.
A história, plena de dicas e preconceitos

O amor
A confusão
O tudo junto
O EU e tudoresto
Sempre tão resto
Nunca tudo por muito tempo

O incompleto
O contexto
A ténue, frágil, inglória realização

A insuficiente sobrevivência
Os prazeres imortais

A felicidade sobra para ti
Oco, frio, calculista, inconsciente do fundamental,
Desinformado, arrogante, abastado, egoísta,
Presunçoso mas combativo, ambicioso, superficial,
Não nobre indivíduo desalmado
Que se chama a si próprio de SER

E que na sua convicção tem muitos mais dias bons do que maus

sexta-feira, outubro 06, 2006

Querer o Mundo, Desejar Fugir Dele

Tenho tudo o que quero
E nada do que preciso
Numa luta que existe
Mas não se sente
Entre o meu mundo e a minha natureza
Queria querer antes o que preciso
Se ao menos soubesse eu o que é
Ou não estaria a ter esta discussão
Mas uma outra qualquer

sexta-feira, setembro 29, 2006

Sonho Dormir

Vejo no céu
As cores do teu olhar
Vejo nas nuvens os teus passos
E nas aves que passam a tua suavidade
Vejo no verde que me rodeia
A esperança de te ver de novo
E dessa esperança a vontade de acordar começa a aparecer
Vejo no horizonte
As linhas infinitas do teu rosto
E na suavidade da manhã
A frescura do teu cheiro,
O sabor único desses teus riachos
O chilrear dos pássaros, os sons da natureza,
A doçura das tuas palavras
E à medida que tudo isso se aproxima
A tacanha realidade leva-te para longe...
Pode ser que amanhã sonhe de novo.

Não seria melhor passar todo o tempo a dormir?
Custa esta vida de acordado… Custa a vida!

terça-feira, junho 06, 2006

segunda-feira, junho 05, 2006

O Legítimo Zé Ninguém - "The Man of the Crowd"

Entre os véus negros que rolam na praça
Vão os simples, os reles e os outros
Os outros, tão outros que se excluem da exclusão
Perdidos que vão na sua propria sofreguidão.

Seres vivos do desintendido
Mundo. Mudo, imundo
Cumplice fedido desse alarido.
Tumor interno escondido, esquecido
Buraco negro, grito implodido no fundo

Esquecidos lá vão...

quinta-feira, junho 01, 2006

The Post-Conscience of the Hero

Are you prepared to pay the price of indifference? Of a life without feelings or emotions? Of the state of mummification that has taken away all your certainties, your safety illusions, your everlasting childhood… Are you prepared to be the piece in the machine that wasn’t made by the old man’s heart, but by routine alone? Are you prepared to be that routine now and, despite that, reciprocate the old man’s desires and hopes? Are you prepared to live in this thing where there’s nothing left of virtue but panic, regrets, paranoia, sadness, guilt, shame and trauma? Were you ever prepared at all? Are you ever going to be?

sexta-feira, maio 19, 2006

Homem Novo

O Homem descobriu no verbo a inexistência de um deus
E no mesmo verbo achou a impossibilidade de imortalidade total
Então acordou para o mundo e achou em si mesmo o seu Deus
O todo poderoso ser que pode determinar uma pequena, mas decisiva, percentagem
De toda a aleatoriamente que prova ser este mundo,
Embora que engolido em rotinas que lhe estabeleçam uma pretensa ordem,
Indispensável, não à sobrevivência biológica, mas – e talvez mais importante – à mental
E agora, com esse homem-deus por aí, esse super-homem, que venera as suas mães e anseia matar todos os seus pais
Os seres bons que lhe deram noção da realidade, das limitações exteriores, da lei,
Mas também a capacidade individual e do peso individual no todo
Está aqui. E por cá vai ficar e ser e fazer até que algo mais venha e que as poucas incertezas que tem tenham valido a pena enquanto o ar foi ar
E que só depois venham as verdades,
Que só o tempo ditará,
E que só a ideal idade lhe dará

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Tributo À Saudade


(Foto de André Matos)