quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Memórias de papel

Rasgado o mundo em dois
Quebrado, suplantado, dorido
Margens inteiras se dobram para me apanhar

Choro o céu daquele lugar,
De onde apenas se desliza para o vazio
Descabelo-me contra a minha própria fraqueza
Das gerações que não choro... Que não rio...

O verde, a maresia, o teu toque de veludo
Memórias vãs de um ser no abismo
Intensidade, querer, heroísmo
Desejo incapaz, mas querido, do ser sisudo

Ah... Não quero mais que isso!
Um reflexo na superfície desse oceano
Uma esperança de início, para o vício,
Um olhar, um som, uma corrente que me vá levando

Para aquele lugar do qual nunca saí
Ao qual nunca irei voltar

Frio Dolor

Existe um frio lá fora
Que me gela a alma.
Um frio subtil, um frio de calma
Veneração Outonal que o Inverno namora

Queria eu também um frio assim...
Não aquele que tenho, que dá cabo de mim.
Limpo e honesto, sonoro
Gélido no seu sentir com que acordo

Queria-o antes adormecedor
Já despercebido na sua constante latência,
Não acompanhado desta pequena demência
De chamar frio ao amor