terça-feira, dezembro 30, 2008

Insuficiência Sistémica

Todos vemos
Onde está um escuro cerrado
Onde nem uma ténue luz de sombra se revela

Todos vemos
Cegos como estamos, todos sem querer,
Vemos só o que não vemos

Inquestionavelmente todos vemos sozinhos,
Sem precisar de mais ninguém,
E porém, neste céu fechado, ninguém vê

Todos vemos... mas não vemos o que está por fora
E assim vemos mais do que quereríamos ver
Por vermos menos do que precisamos

Num mundo de treva, castigo para todos,
Incapazes de gerar luz que dê razão aos seus sentidos,
Num mundo em que as técnicas de outrora não resultam mais
E o sol se foi...

Faça-se luz novamente e veremos finalmente
As barreiras do andar tornar-se instrumentos
E a paz regressar aos seus tormentos

quinta-feira, outubro 23, 2008

Prazer Latento

Mergulho em ti,
Mar imenso, paz do universo,
Recupero, submerso, o equilíbrio original.

O tempo retrocede em busca da não-memória
Da felicidade infinita do não-saber.

E o ar, ofegante, penetra involuntariamente.
Sentido, leve, calmo

Respiro as expectativas do porvir.
Segundos inteiros dividem e completam
Todas as angústias do mundo

Então, por um leve fio de tempo,
Renasço do fundo do meu sustento

quinta-feira, outubro 16, 2008

Modernidade

Entras na sede da fome
Na fome da sede
Como se esse nada fosse tudo

Canibal Social
Sociopata diário
Da selva dos nossos dias,

Que crias e alimentas.
Primata corporativo,
Ser mesquinho do novo mundo

segunda-feira, setembro 29, 2008

Il Pleut

Lá fora chove,

Cá dentro eu amo. Sei que amo,
Mais do que a imaginação do meu saber

As lágrimas rasgam e queimam
A pele, alimentam o querer.

E o "eu" só pensa na negação,
Nega a razão do seu sentir.

Nega o evidente, com o coração no lixo.
O coração que fui buscar

Enquanto chovia lá fora.

quinta-feira, junho 05, 2008

Estristeza Sentida

Foges de mim?
Mas para onde vais beleza,
Que deixas estristeza
Tão só, assim...