quinta-feira, abril 29, 2010

Corpalma

Tocam os sinos da nossa inocência
Os sons ecoam um fim, uma saída
Entrada numa outra coisa, numa ausência
De delimitação, de fechamento de vida

Culpo todos, por não termos conseguido perceber
Para ensinar, como perceber e explicar
Este sentir. Esta consequência de um pérfido viver
De um tédio, cansaço, desilusão. Dar, dar, dar

Como calar esta consciência, esta auto-percepção
Como enfrentar tantas perguntas sem resposta
Como viver? Para quê? Ser? Sentir a ilusão
Como realidade. Onde está, que a mim não se mostra?

Que queres? Se ao menos eu soubesse...
Tanta objectividade faz-me aflição
Já não estou habituado a essa ilusão
Harmonia, equilíbrio de que a minha corpalma carece

E que neste cansaço adormece.

terça-feira, abril 13, 2010

Animal Platónico

Quero sentir o calor dos teus lábios
Sábios
Adensando vontades, sem te tocar
Contemplando

Quero ser mais forte do que eu
Mais humano, sem o ser
Mais a parte de mim
Que diz não saber que tem outra em si

Mas a minha razão está enviesada nos teus lábios
Que uma razão só sua têm.

E, no fim,
Reclamo novamente do mesmo,
Reclama a mente

Choro de forma racional e fria
Choro o vazio da sensação que havia
Choro a pele que ficou

Amei, com dois corações, um só ventrículo
Marioneta, fui controlado por esse ventríloquo
Irracional ser de quem sou espectador

Volta, não vás...

O fazer levou-a
E o que sinto ficou